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Da era Kamakura a Azuchimomoyama

     A classe dos samurais instala-se no governo através do clã Taira em 1167. À maneira de Fujiwara, duas famílias vindas das classes guerreiras, Heike e Genji, mesclam o sangue com a família imperial. Era a forma para chegar ao poder. Taira, que é chamado também de Heike, chega antes de Genji ao governo. Após a decadência da família Fujiwara, os imperadores tentaram restaurar o seu poder. Período em que inaugura-se a época dos “imperadores enclausurados”. As intrigas conduzem às rebeliões, entre elas a de Hogen (1156) e a de Heiji (1159). Desgastes por parte da corte, por outro lado, aumenta o poder dos samurais. Mais precisamente do clã Heike.

     Heike que ingressou no governo foi Taira Kiyomori. Casou uma filha com o imperador Takakura, de cuja união nasceu o imperador Antoku. Copiando o fausto da vida palaciana, Taira Kiyomori continua repetindo os erros de Fujiwara, enquanto isso, por fora, os da família Genji estão conspirando. Por fim, os Heike são derrotados na batalha marítima de Danno-ura. Batalha em que todos os chefes Taira são exterminados. O imperador Antoku, de sete anos, é atirado nas águas do mar interior Seto nos braços da avó. Tinha triunfado o clã Genji.

     Com Genji no governo inicia-se o período dos shoguns, que perdurou por quase sete séculos. Mais uma vez, a capital é transferida. Desta vez, o shogun escolhe Kamakura. Shogun era o título outorgado pelo imperador ao guerreiro de sua confiança, tornando-o assim, no generalíssimo. No período Kamakura, que se inicia em 1192, coexistem dois governos, o do shogun e o do imperador. Um independente do outro. Em resumo, isto significava o enfraquecimento do poder do imperador.

     Entre os fatos marcantes deste período está a invasão do Japão pelos mongóis. Ela acontece por duas vezes no século XIII. Na primeira tentativa, a de 1274, os mongóis chegam a aportar ao norte de Kyushu após sangrenta batalha com os samurais. Mas um tufão violento sopra consegue frustrar as tropas de Kublai Khan. Mas Khan não desiste. Por sorte, mais uma vez o vento sopra a favor dos japoneses. Daí nasce a expressão Kamikaze, ou seja, “o vento divino”.

     Consolida-se no período Kamakura o poder dos samurais, distribuídos nos feudos. Com o tempo, os feudos se tornam cada vez mais auto-suficientes. Feudos do interior afastam-se do poder central. Assim, conforme aumenta o poder local, as rixas aumentam. As guerras se tornam inevitáveis. Enquanto a classe guerreira se fortalece, são criados códigos que regulamentam as relações entre os seus membros. É o código moral dos samurais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     A história japonesa parece desenrolar-se quase que apenas nas camadas mais elevadas da população. As classes estão divididas entre os nobres, samurais, bonges (comuns) e semmin (marginais). Inúmeras escolas budistas são estabeleci das através do envio de monges japoneses para a China. Às seitas Shingon e Tendai vêm somar-se outras: Jôdo, Jôdo Shin, Hokke e Zen. Seitas ainda existentes no Japão atual.

     As guerras desgastam o poder central exercido pelo shogun, principalmente as tentativas dos mongóis em invadir o Japão. Aproveitando-se destas brechas, os imperadores conspiravam a fim de restaurar o seu poder de fato. A primeira tentativa se deu em 1221 com Gotoba, sem sucesso. Mais tarde com Godaigo em 1331. Alguns samurais, descontentes com o shogun, conspiram junto com Godaigo. Entre eles, Takauji Ashikaga. Por fim, o shogun é derrotado e o imperador Kômyô concede a Ashikaga o título de novo shogun. O shogunato de Kamakura vigorou por 140 anos.

     Mas Ashikaga não era melhor que o seu antagonista. Com a mudança do governo, muda-se a capital. Ashikaga transfere­a para Kyoto. O terceiro shogun desta dinastia, Yoshimitsu, habita o Palácio das Flores de Muromachi, nome usado também para designar este período. A ostentação é uma das marcas fundamentais de Muromachi. O shogun manda construir o Pavilhão de Ouro, cujas paredes são cobertas pelo nobre metal. Em contrapartida, uma outra característica do período são as guerras internas. A primeira é a Guerra Ônin. A partir desta, diversas outras afloram, manchando com sangue o arquipélago japonês. Os feudos disputam entre si a supremacia diante de um governo desorientado. Apesar desta situação o clã Ashikaga consegue manter-se no poder por 235 anos.

     A contradição do período foi a arte convivendo com a desordem provocada pela guerra civil. Enquanto guerreiam, os nobres cultivam a poesia “waka”, o teatro “nô” e a cerimônia ­do chá. O gosto pela estética invade os paladares mais finos. É também deste período a chegada dos primeiros ocidentais, os comerciantes portugueses e os jesuítas.

     Vai provocar a queda definitiva do clã Ashikaga um general aparentemente obscuro, Nobunaga Oda. De início, fiel a Ashikaga, com o crescimento do seu poder, este é traído por ele. Ashikaga cai. Cresce a influência de Oda a cada batalha ganha. Ele se torna o unificador do Japão, colocando fim nas guerras civis. Derrota a tropa de Katsuyori, o filho do seu maior inimigo, Shinguen Takeda, aliando-se na batalha de Nagashino com Ieyasu Tokugawa. A tática de Oda foi a utilização das armas de fogo, trazidas pelos portugueses. Derrota também os monges guerreiros de Tendai.

     A carreira de Oda vai terminar após uma traição. A traição do general Mitsuhide Akechi, depois morto por Hideyoshi Toyotomi, o continuador de Nobunaga Oda. O período conhecido por Azuchimomoyama é pontilhado de acontecimentos, apesar de curto. Não se inaugura nenhum shogunato. A guerra continua fazendo parte do cenário político. É também o momento da expansão do cristianismo na terra de Buda. Quanto ao comércio, os portugueses nunca lucraram tanto como neste período.

 

 

Extraído do livro História do Japão – Origem, Desenvolvimento e Tradição de um País Milenar.

Fonte do texto (site): http://www.culturajaponesa.com.br

Nobunaga Oda
Fujiwara-Kamatari
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